Manet no Brasil e a História do Impressionismo

Jardim da Fazenda em Taquaritinga jan/2005 - óleo sobre tela
Jardim da Fazenda em Taquaritinga (detalhe do quadro)

A forma de expressão de Maguetas é especialmente significativa, visto que o impressionismo, na realidade, nasceu no Brasil. Nos anos 1850, o pintor Manet era um passageiro num navio ancorado na Baía da Guanabara, extasiado pela intensidade da luz e do reflexo das casas, das montanhas e das florestas nas águas calmas da baía. A luz do trópico de capricórnio teve um impacto marcante sobre ele, e a memória dessa vista permaneceu na retina de seu olho interno. Sofrendo possivelmente de malária e proibido de desembarcar, Manet permaneceu a bordo do navio por quase uma semana. O Rio de Janeiro deixou uma impressão profunda na sua memória, e décadas depois ele relatou aos amigos que a vista da Baía de Guanabara, captada por seus olhos febris, inspirou-lhe uma nova intuição da arte numa forma que mais tarde seria apelidade de “impressionismo”.

Neste sentido, Maguetas é constantemente banhado numa luz capricornial, mas estranhamente modificado por uma perspectiva setentrional, como se o impressionismo nascido no Brasil fosse refinado na Europa e de novo refinado aqui no olho interno de Maguetas um século e quatro décadas mais tarde. Os quadros de Maguetas nos conduzem a um passado distante, a experiências imaginárias, a uma atmosfera de fantasia e nostalgia, a uma busca de tempo perdido mas nunca vivido.

Sol Biderman
Romancista e teatrólogo norte-americano,
crítico de arte para revistas e jornais em
Nova Iorque, Washington e São Paulo.

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