Meu pai tem algo de diferente dos outros pintores impressionistas contemporâneos. Ele, além de ambientalista, poeta, cineasta, ator etc, também faz com que essas atividades marquem seus quadros, os fotografados e os criados pela sua imaginação. E um arquivo precioso que ele detém e coloca em suas telas.
Podem-se ouvir músicas, sentindo a poesia declamada em seus trabalhos, o movimento de uma câmera correndo em cima das suas figuras femininas, sempre num passado que ele imagina ter vivido.
Eu cresci dentro de seu atelier, borrando meus dedinhos em sua palheta e, às vezes estragando alguma obra em seu cavalete. Constantemente eu era repreendida nos meus primeiros passinhos, porque o cheiro das tintas e o veneno dos pigmentos eram perigosos.
Em Araraquara, onde nasci, seu atelier era muito pequeno e ainda tinha que dividir o espaço com uma grande prancheta de desenho, onde ele fazia desenhos publicitários nos anos 70.
