A Descoberta do Impressionismo por um Acaso

O jovem ainda pintava seus quadrinhos sobre madeira, mas com a influência de Marcovechio ele foi melhorando sua arte. Quando Valzacchi vinha para Taquaritinga, dava-lhe algumas informações técnicas sobre a pintura. Nos anos 60. a Igreja ainda mantinha grande influência sobre as atividades artísticas e artesanais no Brasil. Religião Católica era a campeã em serviços dessa área em todo o Brasil. Eram comuns encomendas de imagens de santos pinturas ou esculturas.

Alguns trabalhos que o jovem fazia eram pedidos de fiéis para suprir a demanda de consumo dessas peças.

A fotografia em preto e branco havia acabado um pouco com os retratos a óleo feitos por Francisco Valzacchi. Somente as famílias de maior poder aquisitivo podiam encomendar esses trabalhos, e eram mínimos esses clientes. Oscar Valzacchi dizia ao jovem que a melhor escola de arte era a natureza.

Maguetas achava muito difícil pintar no campo aberto, misturar e encontrar cores que mudavam a todo instante com a luz. Então, teve a ideia de levar consigo para o campo um amigo fotografo, Francisco Palomino Filho, para registrar a luz. As cores, Maguetas pegaria no local.

Em 1957 Maguetas e fotógrafo organizaram uma “expedição” para a Serra do Jabuticabal. Aproveitaram para visitar a casa onde Maguetas havia nascido e fizeram várias fotos daquele lugar que diziam ser místico.

Na volta pararam em um caminho bem no meio da serra; a luz e a cor que penetravam pelos galhos e cipós eram muita bonitas. Maguetas pegou as tintas de um pequeno estojo e montou um cavalete precário feito por seu amigo marceneiro, Antonio Natott Quico, fotografou em preto e branco o local que Maguetas estava tentando pintar. A presença de mosquitos era enorme, fazia muito calor na mata fechada e não foi possível desenhar com detalhes. Os mosquitos aumentavam em quantidade e atacavam cada vez mais. Desesperado, o jovem artista virou a placa de madeira e no verso sem desenho registrou a luz e a cor do momento.

Até então, Maguetas não tinha nenhum conhecimento do que era o impressionismo, um movimento que sacudiu a Europa no final do século XIX.

Voltando para a cidade, Maguetas levou a MANCHA com cuidado e a encostou num canto de seu pequeno atelier na Vila. Rezende Palomino revelou a fotografia, mas dava muito trabalho fazer algo parecido. O jovem fez o que podia num quadro 60 x 80 cm, que ficou estático sem luze com cores falsas. E o outro quadro original ficou escondido por três anos entre velhas peças abandonadas.

Em 1959 Maguetas pintou, nas mesmas condições um circo pequeno que estava na cidade. Ele foi pelos fundos, entre postes jogados no mato e a presença de um palhaço e uma bailarina que aguardavam o intervalo da matinê.

O circo era pobre, e as telhas enferrujadas de zinco cobriam, parte da lona velha do palco. Então, o artista começa o seu trabalho, as pinceladas são rápidas e com muita tinta. O sol queimava demais o quadro tinha de ser feito às pressas. Nem imaginava o jovem que em breve o quadro figuraria no Jubileu de Prata do Saldo Paulista. Nesta oportunidade, ele estava no meio de grandes pintores brasileiros, não como expectador, mas sim como artista disputando com eles.

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