A Beleza e a Tragédia Ligadas por um Amor Espiritual

Algum tempo depois do episódio de Gerda em Ubatuba, eu conheci uma moça casada e com três filhos como eu. Fizemos amizade, por telefone falamos muito. Meu casamento andava mal e o dela também. Era uma portuguesa radicada em São Paulo desde criança.

Maria era o nome dela. Muito bonita, e nós tivemos o primeiro contato após meses de conversar agradáveis e insinuações mútuas de personalidade. Na verdade, eu estava amando essa mulher e resistindo à tentação de abortá-la com minhas intenções. Me parecia que era mútua essa atitude.

Eu trabalhava em uma agência de publicidade em São Paulo quando recebi a notícia de que Maria havia morrido afogada na praia do Perequê Mirim, Ubatuba. Em uma manhã de muito sol, como se vê ao fundo no quadro “Gerda” na praia de Santa Rita.

Vou para o mar, não para retratá-lo
Mas sim para vê-lo e o escutar
Seus movimentos confundem
Não são discretos como as paisagens
Com que já tenho intimidade
Tem mistérios como a mulher
Que nos encanta como uma sereia
E com sua voz, nos afoga na saudade

Itanhaém – Agosto de 1998

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